AICCOPN Reclama Apoios à Internacionalização do Sector
Reis Campos, Presidente da AICCOPN – Associação dos Industriais de Construção Civil e Obras Públicas, aponta a internacionalização como uma opção estratégica incontornável para muitas empresas de construção.
Estima-se que Portugal represente apenas cerca de 1,7% dos 1,5 biliões de euros do mercado europeu da construção. Este número assume especial importância no actual contexto de crise do sector, da qual o mercado português tarda a sair, reforçando a ideia de que a internacionalização é uma inevitabilidade.
Na verdade, a qualidade das empresas portuguesas de construção e as provas dadas em obras de grande dimensão e complexidade tem-lhes permitido abrir as portas de vários mercados, não só na Europa, mas também em África, nomeadamente nos PALOP, no Brasil e outros mercados da América Latina e até mesmo nos Estados Unidos.
Com efeito, as grandes empresas portuguesas de construção têm já presença em quase todo o mundo, onde transmitem a imagem de um sector moderno. Mas, a exemplo do que acontece no resto da Europa, mais de 90% são pequenas empresas, para as quais a internacionalização parece ser um caminho mais difícil de trilhar.
Reis Campos, porém, diz que essas dificuldades são relativas, lembrando que “a AICCOPN presta apoio e informações diárias a inúmeras empresas de pequena dimensão que estão já a operar em mercados como a Espanha ou França”.
O presidente da maior associação do sector defende que há lugar para todos e, quer seja através da exploração de nichos de mercado ou da disputa das grandes obras, as empresas devem ser apoiadas e incentivadas a delinear uma estratégia de abordagem aos mercados externos.
O peso do sector nas contas nacionais já se faz sentir. De acordo com a Federação da Construção, igualmente presidida por Reis Campos, as exportações de bens e serviços ultrapassam já os 1,6 mil milhões de euros/ano, com uma taxa de crescimento de cerca de 30% em 2006, pelo que “é crucial para o país apoiar este esforço de um dos sectores com maior peso na economia, que emprega mais de 550 mil pessoas”.
O líder associativo não esconde, aliás, a sua estranheza e indignação ao ver o sector da construção excluído do enquadramento nacional que define as condições e as regras a observar pelos sistemas de incentivos ao investimento das empresas, constantes do Decreto-Lei 287/2007, publicado no passado dia 17 de Agosto.
A construção não consta da lista de actividades susceptíveis de apoio por parte do QREN, apesar do referido normativo consagrar como princípios orientadores do investimento a realizar, o acréscimo de produtividade e de competitividade das empresas e a melhoria do perfil de especialização, favorecendo o desenvolvimento territorial e a internacionalização da economia e dando prioridade ao apoio a projectos de investimento em actividades de produção de bens e serviços transaccionáveis ou internacionalizáveis. De igual forma, vem estabelecer como sendo susceptíveis de apoio os projectos relacionados com actividades de Inovação e Desenvolvimento (I&D) nas empresas, designadamente nos domínios da organização e da gestão, mas também aí exclui a construção.
“Não compreendemos porque é que as empresas de construção são excluídas dos sistemas de incentivos. Não colocamos em causa as prioridades ao apoio à internacionalização, à investigação e desenvolvimento e à melhoria da produtividade, só não compreendemos porque é que uma empresa que pretenda conquistar novos mercados ou desenvolver novos produtos, deva ser excluída à partida só porque se trata de uma empresa da Construção”, afirma Reis Campos.