Conjuntura da Construção – FEPICOP – Abril
Introdução
Mensalmente a FEPICOP recolhe informação qualitativa, junto das empresas filiadas nas Associações que a integram, bem como informação quantitativa junto das diversas fontes disponíveis, no sentido de acompanhar e analisar a conjuntura em três aspectos essenciais: a evolução do tecido empresarial; a evolução do emprego do Sector e a evolução da sua produção no plano nacional e europeu. Nesta análise de conjuntura o período de referência é o primeiro trimestre de 2007, avançando-se algumas perspectivas para o mês de Abril.
Empresas
Empresas de Construção – segundo o IMOPPI, o número de empresas legalmente habilitadas com Alvará passou de 26.743 em Janeiro de 2007 para 19.490 em Março, traduzindo uma diminuição de 27,1% resultante do não cumprimento de algumas regras exigidas para permanência na actividade. Durante esse mesmo período, o número de Títulos de Registo passou de 24.391 para 26.924, o que representou um acréscimo de 10,4%. Em termos globais, o número de empresas detentoras de Alvará ou Título de Registo passou de 51.134 em Janeiro de 2007 para 46.414, o que corresponde a uma quebra de 9,2%. Esta redução poderá significar alguma reestruturação do tecido empresarial mas, uma vez que existem ainda no IMOPPI situações sob análise após reclamação por parte das empresas, esta quebra não é ainda definitiva, carecendo de validação nos próximos meses.
Índice de empresas activas – de acordo com a amostra FEPICOP, o número de empresas activas aumentou de Janeiro para Março de 2007, uma vez que o índice passou de 107,7 em Janeiro para 110,4 em Março. Contudo, em termos de comparação com o mesmo trimestre do ano anterior, a variação desse número ainda apresenta um decréscimo de 3,1%.
Indicador de confiança – dos resultados do inquérito FEPICOP relativos ao primeiro trimestre de 2007, constata-se que os níveis de confiança empresariais registam uma variação positiva de 5,2% face a igual período de 2006, menor pessimismo que poderá estar associado ao nível das encomendas em carteira, nomeadamente encomendas de obras públicas.
Situação financeira – No primeiro trimestre de 2007, a situação financeira foi encarada de forma mais positiva pelas empresas de construção face ao primeiro trimestre de 2006 (variação homóloga de 4,2%), pese embora a recente trajectória de aumento das taxas de juro, o baixo crescimento económico e a quebra de investimento em construção.
Concorrência – Verificou-se atenuação do nível de concorrência no mercado das obras públicas, medido pelos desvios que os valores de adjudicação vão apresentando face às bases de licitação indicadas no lançamento dos concursos públicos, situando-se o desvio em 4,4% no final de Março. Também os valores médios propostos a concurso estavam, em Março de 2007, cerca de 2,5% acima dos valores base que foram indicados, reflectindo, também por esta via, uma atenuação da concorrência existente nos mercados públicos.
Nível de actividade global – Na opinião dos empresários, no 1.º trimestre de 2007 observou-se uma variação positiva de 2,9% no ritmo de produção global do Sector, face ao período homólogo de 2006, o que se traduz num desempenho mais dinâmico do que o verificado há um ano atrás, quando este indicador registava uma variação positiva de apenas 1,4%.
Síntese: Os diferentes indicadores analisados em relação ao tecido empresarial, traduzem, por um lado, uma melhoria da confiança em resultado do nível de encomendas de obras públicas em carteira e, por outro, uma quebra do número de empresas legalmente habilitadas para a actividade que poderá ser apenas provisório, tendo em conta que muitas apresentaram reclamação sobre a decisão do IMOPPI.
Emprego
Desemprego – Em Fevereiro de 2007, a evolução do número de desempregados oriundos do Sector da Construção à procura de novo emprego registou uma diminuição de 9,7%, face ao período homólogo, apesar do fraco dinamismo registado, actualmente, pelo Sector.
Custo da mão-de-obra – A variação homóloga dos custos da mão-de-obra foi em Janeiro de 2007, de 3,7%, no segmento de construção de habitação nova, superando em 1,1 pontos percentuais a taxa de inflação registada nesse mesmo período, que foi de 2,6%, segundo dados do INE.
Síntese: A informação disponível sobre o emprego indica uma diminuição dos desempregados da Construção à procura de novo emprego. Por outro lado, os custos de mão-de-obra no segmento habitacional apresentaram em Janeiro um acréscimo superior ao registado pelo Índice de Preços no Consumidor.
Produção
Na sequência do compromisso assumido, inicia-se a divulgação de um conjunto de indicadores de produção por segmentos, cujo andamento permitirá perspectivar o comportamento do Sector no curto prazo. Assim, apresenta-se um indicador sintético global para o Sector da Construção, bem como para os respectivos segmentos: Edifícios Residenciais, Edifícios Não Residenciais e Engenharia Civil.
Produção do Sector da Construção – o indicador global de produção do Sector no mês de Abril apresenta uma queda face ao mês anterior de cerca de 3,2%, registando-se uma variação homóloga de -8% face a Abril de 2006. O indicador de produção situa-se, em Abril, nos 79 pontos, 21% abaixo do início da série, em Janeiro de 2000.
Segmento dos Edifícios Residenciais – O indicador de produção para o segmento de Edifícios Residenciais aponta para uma consolidação da produção em torno dos valores registados no final do ano de 2006. O nível de produção estimado para Abril é cerca de 0,5 pontos percentuais superior ao observado em Dezembro de 2006.
Segmento de Edifícios Não Residenciais – Este segmento continua a indicar uma recuperação suave, impulsionada pela componente privada, uma vez que a produção de Edifícios Não Residenciais Públicos apresenta ainda variações homólogas trimestrais negativas, de cerca de 20%.
Segmento da Engenharia Civil – Mantendo-se cerca de 25% abaixo do nível de produção registado no período homólogo, a produção do segmento de Engenharia Civil apresenta, actualmente, uma ligeira recuperação face ao último trimestre de 2006, prevendo-se, para Abril, uma melhoria de 2,3 pontos percentuais face ao valor do índice registado em Dezembro último.

Síntese: A evolução dos indicadores de produção revela-se menos desfavorável nestes primeiros meses de 2007, mas confirma ainda o adiamento da recuperação do Sector, que se espera venha a verificar proximamente.
Comparação internacional
O início de 2007 revelou uma expansão da produção do Sector da Construção muito significativa, quer na Zona-Euro, quer no conjunto dos 27 países que actualmente integram a União Europeia. Com efeito, segundo o Eurostat a produção da Construção em Janeiro aumentou 10,4% na Zona-Euro e 7,3% na UE27, em termos homólogos.
De notar, que o crescimento registado na Zona-Euro foi fruto de subidas de 9,3% no segmento da construção de edifícios e de 12,5% no segmento das obras de engenharia. No mesmo sentido na UE a 27 verificou-se um crescimento mais acentuado no segmento das obras de engenharia civil, de 12,8%, contra um crescimento mais ligeiro no segmento da construção de edifícios de 6,2%.
Em Portugal, contrastando com a situação verificada na Europa, a Construção continua a apresentar, em Janeiro de 2007, uma variação negativa, embora menor que em Dezembro de 2006.
Convém ainda salientar que, apesar dos índices de produção na União Europeia revelarem crescimentos robustos, começam a surgir os primeiros sinais de desaceleração da trajectória de crescimento da Construção na Europa, a par do crescimento da taxa de juro de referência do Banco Central Europeu e do abrandamento da taxa de crescimento dos preços do imobiliário.
Síntese: Continua a verificar-se um diferencial muito negativo no andamento do investimento em Construção em Portugal face ao registado pelos seus parceiros europeus, factor que, para além de condicionar fortemente a modernização das infra-estruturas de que o País carece, hipoteca a capacidade de desenvolvimento sustentado do País, no sentido da convergência com os parceiros mais desenvolvidos da União Europeia.
Pode aceder à conjuntura em verão de PDF, aqui.
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