Sector
Os números relativos ao PIB do primeiro semestre, recentemente divulgados, demonstram que o Investimento em Construção conheceu uma queda de 14,6%. Confirma-se, assim, aquilo que a situação no terreno evidenciou e que a AICCOPN – Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas, há muito antecipou. Ou seja, “a carência de obras está a penalizar fortemente as empresas e a destruir o emprego”, alerta Reis Campos, presidente da AICCOPN.
É por essa razão que o líder associativo tem vindo a reclamar medidas capazes de suster “esta quebra na actividade e a perda de postos de trabalho que lhe está associada”, considerando mesmo que essa deverá ser “uma das prioridades do novo Governo”.
A verdade é que, se algumas obras não avançaram por causa da polémica que lhes está subjacente, como é o caso da alta velocidade ferroviária e do novo aeroporto de Lisboa, outras, que reúnem o consenso de todos, como é o caso da reabilitação urbana, também não saíram do papel.
Lembrando que “nos últimos 7 anos e meio a Construção perdeu 28,5% da sua produção e que, no segmento da habitação, a perda supera já os 40%”, o Presidente da AICCOPN afirma que o País não pode ficar indiferente às consequências de uma tal situação.
“De acordo com os números oficiais, a Construção representava, em finais de 2008, cerca de 11% do emprego no País, ou seja, 553 mil postos de trabalho. Considerando também o sector imobiliário e as restantes actividades associadas, estamos a falar de 18% do PIB nacional e cerca de 200 mil empresas, maioritariamente micro e PMEs, pelo que é necessário implementar soluções concretas que permitam preservar estas empresas e o volume de emprego que asseguram. E as soluções passam pelo apoio à actividade económica e ao investimento, não pelos subsídios de desemprego”, sustenta.
Depois de no início deste ano ter antecipado uma perda de 95.000 postos de trabalho, só na Construção, caso não fossem tomadas medidas adequadas, Reis Campos diz que nada foi feito e que, por isso, “o desemprego no sector está a crescer a um ritmo muito superior ao das demais actividades, havendo a registar na primeira metade do ano uma redução de 40.075 efectivos”.
Afirmando que este cenário não é uma inevitabilidade, como facilmente se conclui pela análise dos planos anti-crise implementados pela generalidade dos países desenvolvidos, o dirigente associativo refere em particular os bons resultados conseguidos pela Espanha, pela França e pelos Estados Unidos, cujas medidas assentam no investimento em áreas como a reabilitação urbana, o ambiente e a modernização das infra-estruturas. Estes exemplos não podem ser ignorados, pois, para além de dinamizar, no imediato, o investimento e o emprego,” representam uma poupança significativa para os cofres do Estado, atendendo aos 2,5 mil milhões de euros de encargos com subsídios de desemprego e perdas directas de receitas fiscais que o continuado agravamento da crise significará”.
Mostrando-se especialmente preocupado com a situação vivida pelas micro, pequenas e médias empresas, Reis Campos considera que se forem criadas as condições necessárias, nomeadamente garantindo o acesso ao mercado de crédito e fomentando o investimento, “o Sector da Construção tem capacidade para dinamizar a economia no seu todo e evitar maiores custos económicos e sociais ao País”.